Lições em citações
29/10/2014 06:00:39

Por Carlos Ávila
Citações com preciosos toques. Cortes e recortes críticos de alguns dos nossos mestres modernistas – Carlos Drummond de Andrade (1902/1987), Cecília Meireles (1901/1964) e Murilo Mendes (1902/1975) – responsáveis, no século 20, pela elevação do padrão de nossa poesia (e também de nossa prosa e de nosso ensaio). E também uma frase certeira de João Cabral de Melo Neto (1920/1999), poeta que extrapolou as bases da chamada Geração de 45, tornando-se um renovador da linguagem entre nós.
Vale a pena ler (ou reler) essas observações e reflexões, resultantes de grande vivência literária e artística, colhidas aqui e ali – um tanto ao acaso – em páginas das obras desses autores. Ideias crítico-estéticas ainda atuais, com o poder de nos provocar e colocar nossas mentes “em movimento”, ou seja, em estado de questionamento (podemos até discordar de algumas delas; mas nunca ficar indiferentes). Vamos lá.
Conselhos de Drummond
“1- Só escreva quando de todo não puder deixar de fazê-lo. E sempre se pode deixar.
2 – Não acredite em originalidade, é claro. Mas não vá acreditar tampouco na banalidade, que é a originalidade de todo mundo.
3 – Leia muito e esqueça o mais que puder.
4 – Não fique baboso se lhe disserem que seu novo livro é melhor do que o anterior. Quer dizer que o anterior não era bom.
5- Não tire cópias de suas cartas, pensando no futuro. O fogo, a umidade e as traças podem inutilizar sua cautela. É mais simples confiar na falta de método desses três críticos literários.
6 – Evite disputar prêmios literários. O pior que pode acontecer é você ganhá-los, conferidos por juízes que o seu senso crítico jamais premiaria.
7 – Procure ser justo com os outros; se for muito difícil, bondoso; na pior eventualidade, omisso”.
Cecília e o escritor
“O escritor é a pessoa que diz o que muitos sentem e não sabem expressá-lo. Nossa responsabilidade é de dizer essas coisas com clareza. E há, também, essas coisas que nem todas as pessoas sentem, mas que o escritor ensina a sentir”.
A poesia para Murilo
“A poesia não pode nem deve ser um luxo para alguns iniciados; é o pão cotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito”.
Afinal, João Cabral
“Cada poeta tem a sua poética. Ele não está obrigado a obedecer nenhuma regra, nem mesmo àquelas que em determinado momento ele mesmo criou”.